Originalmente, em
África, Candomblé como religião, não existia.. O que existia lá
era o chamado de culto à Orisá, ou seja, cada região africana
cultuava um Orisá e só iniciava Elegun ou pessoa daquele Orisá;
portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões
feitas pelos escravos, para cultuar os seus Deuses ou Santos no
Brasil, porque também era comum chamar de Candomblé a todas as
festas ou reuniões de negros . Por este motivo, antigos Babalorisás
e Iyalorisás evitavam chamar o "culto dos Orisás" de
Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas
festas. Mas, com o passar do tempo à palavra Candomblé foi aceite e
passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões
africanas.
A palavra Candomblé
possui dois significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma
modificação fonética de Candonbé, um tipo de atabaque usado pelos
negros de Angola; ou ainda, derivaria de Candonbidé, que significa
acto de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa.
NAÇÕES: Como forma
complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo
de cada tribo ou região africana: Candomblé da Nação Ketu,
Candomblé da Nação Jeje, Candomblé da Nação Angola. A palavra
Nação aparece, não para definir uma nação política, pois Nação
Jeje não existia em termos políticos, mas sim um conjunto de
práticas.. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado
pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos Mahin.
Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó,
Abeokuta, Ijesá, Ebá e Benin vieram a constituir uma forma de culto
denominada de Candomblé da Nação Ketu. Ketu era uma cidade igual
às demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da
Nação Ketu ou Alaketu. Estes yorubás, quando guerrearam com os
povos Jejes e perderam a batalha, tornaram-se escravos desses povos,
sendo posteriormente vendidos ao Brasil. Quando os yorubás chegaram
a esta região sofrida e maltratada, foram chamados pelos Fons de
Ànagô, que quer dizer na língua Fon piolhentos, sujos entre outras
coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou Nàgó e passou a
ser aceite pelos povos Yorubas no Brasil, para definir as suas
origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação
política denominada Nàgó. No Brasil, a palavra Nàgó passou a
denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais
conhecido como Sangô do Nordeste. Os Candomblés da Bahia e do Rio
de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes
Yorubas. Porém, existem variações de Nações, por exemplo, e
Candomblé Ijesá. Ilesá é uma cidade da região próxima a Osobô
e ao rio Osun. Ijesá não é uma nação política. Ijesá é o nome
dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilesá, que
caracteriza a Nação Ijesá no Brasil e é a posição que consagra
Osun como a rainha dessa nação. Da mesma forma como existe uma
variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje
Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu. Os
Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil
com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo. A partir de
Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do
falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas
surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo,
Cabinda, Muxicongo e outras. Nesse estudo sobre Nações de
Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como
por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e
Jeje, e o Alaketu que não é uma nação específica, mas sim uma
Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua
história no Brasil soma-se a mais de trezentos e cinquenta anos ao
tempo dos ancestrais da casa. A verdade é que o culto Nigeriano de
Orisá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres
e para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os
homens não entravam na roda de dança para os Orisás. Mesmo os que
se tornavam Babalorisás tinham uma conduta diferente quanto à roda
de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente
circunstancial. Daí, dizer-se que se inserirem no culto vários
cargos para homens, como por exemplo, os cargos de Ogans. Hoje a
palavra Candomblé no Brasil define o que chamamos Culto
Afro-Brasileiro.
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